*Marcus Nakagawa
O ano começou e parece que todos os empreendedores já iniciaram aceleradamente com suas reuniões e articulações. Talvez porque neste ano teremos muito menos dias de trabalho, por conta dos feriados, Copa do Mundo e eleições. Quando percebermos, o final do ano estará próximo.
Para os empreendedores que desejam pensar não somente na sobrevivência imediata do seu negócio, mas também na perenidade, para que um dia, quem sabe, seus filhos possam assumir o seu legado, é importante que planejem os seus passos, não somente pensando financeiramente, mas também nos vetores ambientais e sociais.
Sabemos que no dia a dia temos que ir atrás do faturamento e das vendas, passando pela entrega dos serviços ou dos produtos. Porém, para que a energia da empresa seja renovada neste ano que se inicia, é interessante que haja também o vetor de inovação para a sustentabilidade. Mas afinal o que é isso?
Inovação, segundo Peter Drucker, um dos gurus da administração, é “a atribuição de novas capacidades aos recursos existentes na empresa para gerar riqueza”. Podemos ir além e aproveitar ou otimizar estes recursos com o foco em sustentabilidade. Não gosto muito de fórmulas milagrosas, sete passos disso ou nove jeitos daquilo, pois cada empresa é um ser orgânico diferente do outro e, assim, aquele remédio ou processo milagroso pode dar certo em uma empresa e na outra não. Vamos considerar os pontos abaixo como dicas para o pontapé inicial de discussão dentro da organização.
Primeiramente olhe no entorno e entenda os impactos da sua empresa. No marketing chamamos de análise de macroambiente, mas geralmente a empresa só olha os pontos que afetam ela financeiramente. Acredito que isso seja o básico e, se o seu empreendimento nunca olhou para isso, agora é a hora.
Fora isso é interessante avaliar também os impactos sociais que a sua empresa está realizando nos seus vizinhos, concorrentes, família dos seus funcionários, na família do empreendedor, enfim impactos em todos aqueles que um dia possam influenciar, processar ou fazer um protesto na frente da sua empresa. Estamos falando de análise e gestão de riscos sociais.
Na questão ambiental o ideal é controlar tudo que entra e tudo que sai da empresa. Isso mesmo, veja quais são os insumos que estão utilizando e se eles não podem agredir as pessoas e o meio ambiente. Isso vai desde o material de limpeza, passando pelo insumo do produto final, água, energia, e até a tinta da impressora. É importante também qualificar os resíduos que a sua empresa está emitindo e para onde ele está indo. Controlar o lixo que sai, para onde vai, quem leva, qual o fim dele? Talvez a sua equipe esteja jogando uma parte da sua produção nele e você nem sabe.
Entendendo os impactos, está na hora das melhorias e otimização. E quem sabe transformar este impacto em uma oportunidade de negócio, economia de material, melhoria de processo ou engajamento de funcionários. Assim começamos a inovação.
Mas todo este trabalho não dá para fazer sozinho, é necessário engajar outras pessoas para esta jornada. Quem sabe algum funcionário que gosta do assunto, um amigo que está disponível no mercado, uma ONG vizinha ou até fazer um comitê interno voluntário para que as pessoas participem do processo e se sintam fazendo algo diferente do ano passado.
Assim a energia começa a ser canalizada e renovada com um foco no qual as pessoas busquem um tema que não é somente a segurança financeira que, diga-se de passagem, existe também na empresa concorrente, o dia a dia do trabalho, mas quem sabe, a real importância do uso da nossa inteligência para a manutenção de um planeta em que vivemos e a busca por modelos que não agridam tanto todos os seres que aqui convivem.
*Marcus Nakagawa é sócio-diretor da iSetor, professor da ESPM, idealizador e presidente do conselho deliberativo da Abraps, e palestrante sobre estilo de vida sustentável, sustentabilidade e responsabilidade social (marcus@isetor.com.br).