Fico ouvindo o tempo todo que os políticos isso, as empresas aquilo, o meu vizinho isso e a minha família aquilo. Muita gente nas mídias sociais com discursos políticos vazios e tristemente dizendo para não ler ou não assistir mais nada, pois isso desanima, dá uma desesperança.
Em alguns momentos fico pensando em todas estas piadas que nós brasileiros adoramos fazer. Mesmo depois de uma tragédia ou um fato relevante, já existe um meme (piada) nas redes sociais ironizando ou apelando para o humor degradante. Ainda estou descobrindo, mas sempre me disseram que as pessoas têm jeito, que a melhor forma da humanidade sobreviver é vivendo em um coletivo harmônico, não somente entre nós, mas também na nossa relação com a natureza, seus seres, ou seja, o planeta como um todo.
Alguns colegas professores acabam me dizendo que isso é utópico, que como alguns grandes filósofos e sociólogos colocam, o homem é mau por natureza, ou o homem é o lobo do próprio homem, e alguns dizem que o homem nasce bom, mas é a sociedade que o corrompe. Enfim, já também passei por vários momentos em que isso passou pela minha cabeça. Mas ainda tenho fé neste ser que já chegou a 7 bilhões no planeta, sobrevivendo e aumentando a quantidade, mas também evoluindo. Será?
Recentemente passei por uma cirurgia no ombro direito e tudo foi filmado, com uma micro câmera, para o doutor conseguir amarrar de novo o meu tendão chamado manguito rotador. Chegamos em casa e assistimos ao vídeo. Parecia um céu, cheio de nuvens, algodão, e um monte de coisas se mexendo, pouco sangue, mas um céu avermelhado, um planeta novo, Marte talvez. Minha filha perguntou o que eram aquelas nuvens.
Com isso, me inspirei para este artigo. Ou seja, temos um “céu” dentro de nós, com nuvens, planetas, fios ligados à essa base, rios de sangue. Isso por que era só o meu ombro, imaginem o cérebro, os outros órgãos, enfim. Calma, este não é o efeito dos remédios que estou tomando.
A ficha que me caiu foi uma frase que sempre parafraseio nas minhas aulas. Que a mudança está dentro de nós e que podemos fazer de dentro para fora, principalmente, quando falamos em organizações. Parece meio utópico, ou sonhador como dizem alguns colegas professores. Mas o debate sempre é positivo, temos que sempre ter o contraponto para nos questionar e debater, assim evoluindo.
Não temos uma mínima ideia do que temos dentro de nós, física, quimicamente, psicologicamente ou espiritualmente (no sentido mais amplo desta palavra). Ficamos simplesmente criticando o outro, reclamando do entorno, dos políticos, das organizações. Enfim, não temos ideia o que está passando por dentro de nós (literalmente) e estamos aferindo e criticando o outro? Realmente é muito mais fácil, mas será que evoluímos com isso? Nos desenvolvemos com isso? Grandes líderes sempre acabaram na sua grande “iluminação” quando se voltaram para si com muita meditação, questionamentos e reflexões. Líderes de grandes e importantes linhas espirituais.
Descobrir o seu “eu” para depois mobilizar outras pessoas e ir aos poucos mudando a sociedade. Mesmo grandes líderes e empreendedores primeiro tiveram que se afundar em um autoconhecimento para depois criar suas magníficas empresas, produtos e serviços. É só pegar qualquer bibliografia destas pessoas: primeiramente analisa o perfil e depois os negócios dela.
Talvez tenhamos que ficar vendo menos a “grama verde” do vizinho e começar a entender o que se passa na nossa casa. Conhecer mais os “planetas, nuvens e algodões” que temos dentro de nós, no ombro, no coração, no cérebro, enfim, dentro de nós literalmente, ou não literalmente, físico, químico ou psicologicamente. Com pessoas mais atentas, com a sua auto percepção ampliada e super conhecedoras do seu próprio eu, teremos uma forma de sociedade menos alienada, menos controlada, mais crítica, menos focada nas necessidades impostas por alguns, com menos baleias azuis. E, talvez, com mais propósito, mais sonhos, mais vontade de fazer diferente e entendendo que não tem outro jeito de viver em sociedade do que harmonicamente.