*Marcus Nakagawa
Quando chegamos próximo ao final de ano sempre é o mesmo processo: luzes e árvores de Natal nas lojas, música especial de final de ano/ano novo nas rádios, cesta de natal para os funcionários, sorteio de amigo secreto, enfim, o típico padrão natalino.
Para os empreendedores fica a correria para fechar o faturamento do ano, comparar com o orçamento planejado no começo do ano (geralmente aprovado em junho) e tentar projetar o ano seguinte. Se este empreendedor tiver uma visão de futuro, já estará fechando negócios ou pré-vendas para o próximo ano.
Porém, com o ano fiscal no final, alguns empreendedores nem pensam em como será o fluxo da sua empresa no próximo ano, pois isso se resolve depois do carnaval. E não podemos esquecer que o ano que vem será atípico devido a Copa do Mundo no país.
Com este panorama, uma das ações de resolução do ano de 2013 é fazer um bom orçamento para o ano que vem. Mas será que conseguiremos fazer o “Budget” – como é chamado em algumas empresas – a tempo de dar férias coletivas de natal e começo de ano para os funcionários?
O que não é padrão é levar em consideração os outros pilares do tripé da sustentabilidade neste orçamento financeiro. Um orçamento sustentável não é somente pensando do lado econômico. Sabemos que muitos empreendedores também nem fazem o tal do budget financeiro, imagina então buscar bases para o planejamento de ações e atividades relacionado ao desenvolvimento sustentável.
Para 2014, a estimativa de expansão da economia brasileira caiu de 2,13% para 2,11%, segundo a pesquisa Focus de 11 de novembro de 2013. A previsão de crescimento da economia brasileira em 2013 se manteve em 2,50%. Ou seja, não estão prevendo um grande crescimento na economia como um todo, então imagina este empreendedor, sem planos financeiros para 2014, como estará preparado para as decisões mais importantes?
Entrar no ano sem um mínimo planejamento é quase suicídio, pois sem os indicadores de performance e financeiros fica complicado. E com toda esta perspectiva, ainda estamos discutindo a possibilidade de colocarmos as questões sociais e ambientais neste planejamento?
Sim, para garantir uma efetividade do tão buscado desenvolvimento sustentável é necessário colocar todas as ações ligadas ao social e ao meio ambiente também no orçamento 2014. E com isso, conseguiremos verificar o grau de evolução do tema dentro da empresa, sendo ele mais pontual, constante ou mais estratégico, entenda-se neste caso efetivamente ligado ao negócios e produto da empresa. Assim, no tão famoso budget, a sustentabilidade pode aparecer como uma despesa de doação, investimento social privado, algo ligado ao marketing, ou ainda um investimento relacionado a melhorias de processo ambientais ou desenvolvimento de produto e negócios sustentáveis. Esta verba alocada ainda pode estar em vários departamentos, como marketing, comunicação corporativa, RH, departamento de sustentabilidade ou ainda dentro da própria presidência. O valor ainda pode estar pulverizado em várias áreas com várias atividades e projetos.
Seja qual a forma, qual a rubrica, quais os valores, se está pulverizado ou não, o importante é mensurar a quantidade de investimentos necessários, os devidos fins, processos e controles. Ter um orçamento mais próximo do real e colocando a sustentabilidade neste instrumento também, neste caso, em formato de investimentos. E com isso tirar o conceito dos lindos comerciais e relatórios de sustentabilidade para a prática do dia a dia.
*Marcus Nakagawa é sócio-diretor da iSetor, professor da ESPM e idealizador e presidente do conselho deliberativo da Abraps e palestrante em educação para sustentabilidade empresarial (marcus@isetor.com.br).